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A importância da presença feminina nas entidades de classe

Para as mulheres alçarem vôos mais altos nunca foi tarefa fácil, mas elas não desistem e a cada dia demonstram que têm plena capacidade para ocupar diversas posições dentro das empresas, organizações, na política e também nas entidades representativas de classe.

Cada conquista neste sentido, mesmo que em ritmo lento, deve ser comemorada e servir de incentivo para que outras mulheres sigam o mesmo caminho, ocupem cada vez mais espaços e as “cadeiras” destas instituições, até porque, o papel das mesmas, atualmente, transcende as atividades meramente operacionais, recreativas e ligadas à negociação coletiva, como nos primórdios do associativismo sindical. Hoje, entidades de classe realizam, além dos mencionados acima, um importante papel no contexto estratégico político, em todas as esferas, colaborando de forma efetiva na construção de leis e regulamentos junto ao poder constituído que atendam os interesses, facilitam o trabalho e ajudam na desburocratização das atividades econômicas que as mesmas representam, ou seja, um papel de extrema relevância.

A mulher possui percepções e um modo de conduzir as tensões organizacionais que lhe são peculiares, talvez devido ao seu reconhecido e intrigante “sexto sentido”. E isso faz muita diferença em ambientes antes tomados exclusivamente por figuras do sexo masculino. A mulher, em sua grande maioria, traz leveza, novas argumentações, novas perspectivas e faz muito bem a qualquer ambiente, ainda mais àqueles que possuem viés político, uma vez que, sendo as mulheres a maioria da população brasileira (51,6%), devem e merecem estar devidamente representadas em qualquer ambiente onde se discuta questões relacionadas a organização, planejamento e administração da sociedade.

A visão feminina contribui e muito para o processo e a tomada de decisão, pela sua capacidade integradora, sempre procurando prezar pelo bom relacionamento entre as partes, através de sua sensibilidade e lado emocional aguçado.

E, muito embora defendemos a crescente presença das mulheres no contexto das entidades, não estamos aqui fazendo apologia à obrigatoriedade ou imposição para que as mesmas ocupem cargos de liderança, visto que, a nosso ver, liderança independe do sexo do ser humano que o ocupe, depende de outros fatores muito mais relevantes, pois, se é verdade que ainda há uma maioria de líderes do sexo masculino, também é verdade que há muitas mulheres que são líderes, mas péssimas líderes, revestidas de arrogância, prepotência, grosseria, entre outros adjetivos que tanto fazem mal a qualquer ambiente de trabalho, o qual rechaçamos.

Deste modo, de nada adianta, simplesmente levantarmos a bandeira de que é necessário haver mais líderes do sexo feminino, mas sim temos que ter LÍDERES MELHORES, em todos os sentidos, independentemente do sexo, mas que façam bem às pessoas e ao ambiente que os mesmos lideram. Isso que se deve buscar em termos de liderança.

Por esta razão, sempre procuro defender e incentivar a PRESENÇA das mulheres nas entidades de classe, nas mais diversas posições, na que lhe for mais compatível, de acordo com perfil de cada uma delas, respeitando o limite, as capacidades e as habilidades de cada uma. As que pretendem ser líderes, que sejam, e as que pretendem colaborar como conselheiras, diretoras, empresárias, associadas, que assim seja, cada qual no papel que mais lhe seja atrativo e potencialize suas habilidades. Afinal, o que importa é nossa participação. Temos que ocupar mais espaço, para sermos ouvidas, para argumentarmos e ajudarmos a construir novos caminhos e novas opções. E, claro, sempre com um toque de beleza e sensibilidade que só as mulheres sabem como fazer.

Alcançar postos de liderança será uma consequência natural, para quem se destacar e possuir perfil para tal, mas tudo fruto da presença cada vez maior das mulheres nas nossas entidades, nisso que eu acredito, incentivo e espero estar contribuindo e abrindo as portas para muitas delas.

 Por:  Ana Jarrouge , Presidente Executiva do SETCESP