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O perigo das queimadas para o transporte rodoviário de cargas do Centro-Oeste

Focos de incêndio registrados em setembro colocam em risco a atividade do transporte de carga e a vida dos motoristas

Foto: Divulgação

Em setembro, algumas cidades da região Centro-Oeste sofreram com diversos focos de incêndio, localizados próximos a rodovias e a plantações de produtos agrícolas. Em pesquisa realizada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), foi apontado apenas no mês passado um registro de mais de 10 mil focos de queimadas na região. Na edição publicada em 6 de outubro, o Diário Oficial da União registrou que nove cidades da região foram classificadas em estado de emergência devido a desastres naturais. Dentre essas, oito estão localizadas em Goiás, inclusive na capital do Estado, Goiânia, além de Jaciara, no Mato Grosso. 

O Brasil passa por uma das piores crises hídricas dos últimos 91 anos. Segundo o Operador Nacional do Sistema (ONS), os reservatórios do Sudeste e do Centro-Oeste, que correspondem a 70% da energia gerada no Brasil, estão com 21,3% da capacidade de armazenamento. A falta de chuva é um grande fator para as altas quantidades de incêndios na região, pois, além de temperaturas elevadas, a falta de umidade nos solos contribui para que o fogo se alastre em regiões mais secas. 

Decorrente disso, o impacto que as queimadas trazem à população se dá em diversas áreas, como risco à saúde e na economia. Uma das preocupações são os pontos de incêndio, que muitas vezes se localizam em regiões importantes para a produção de gado nacional e de exportação. O fogo eventualmente acarreta mortes de animais, além de danificar o solo, impactando diretamente o setor agrícola – responsável por movimentar o Produto Interno Bruto (PIB) dos estados do Centro-Oeste – e refletindo no transporte rodoviário de cargas (TRC).  

De acordo com o presidente da Federação Interestadual das Empresas de Transporte de Cargas (FENATAC), Paulo Afonso Lustosa, as empresas de transporte nas estradas são vítimas desses incêndios, que prejudicam sua atividade nas vias, além de colocar os motoristas profissionais de caminhões em risco devido à falta de visibilidade, um dos principais fatores de acidentes registrados.

Lustosa afirma que a FENATAC não simpatiza com atos contra o meio-ambiente, sendo aversivo às queimadas que ocorrem na região, e passa a ideologia para as empresas cadastradas nos sindicatos filiados à federação. “A FENATAC, de um modo geral, adotou uma postura de defesa do meio ambiente e de conscientização das empresas de transporte sobre seu papel, principalmente na geração de gases poluentes, e estimula seus parceiros, especialmente do agronegócio, a não adotarem as queimadas como forma de preparar o solo para plantio”, declara.

Frente à seca constante, aqueles que dependem do agronegócio para a realização de suas atividades tiveram um momento de esperança perante as queimadas, tendo em vista que o período de chuvas no final de setembro foi extremamente importante para a redução dos incêndios. Segundo o Relatório Diário do Programa Queimadas do INPE, entre os dias 24 e 25 do mesmo mês, o número de casos de lastração de fogo foi reduzido em mais de 85% nos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás. Além disso, para os transportadores, o aumento da pluviosidade na região traz um recomeço já que eles dependem de cargas produzidas para a realização de sua atividade. Com o fim das secas, a plantação perdida pelo fogo é retomada, e os produtos responsáveis por abastecer o Brasil voltam novamente para as estradas, trazendo um cenário positivo para o TRC.

Zaldo Calisto de Lima é sócio fundador da União Transportes e vice-presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Encomenda do Sudoeste Goiano (SETCEGS), um dos sindicatos que compõem a FENATAC. Segundo ele, “o fim da seca é um alívio e um momento esperado para todos, pois começa o plantio e ficamos todos na expectativa de uma boa safra. O agronegócio que movimenta nossa economia e o transporte depende diretamente de uma boa produção”.

A previsão para os próximos meses é que as chuvas diminuam as queimadas na região, aumentando a qualidade do solo e tornando o transporte de carga mais seguro. Porém, ainda assim é preciso estar atento nas estradas. Ações de conscientização, como as que a FENATAC propõe a seus afiliados, é parte fundamental para que os focos de incêndio se amenizem e sua propagação se torne cada vez menor.

Por: Redação